Imagem-Matéria, 2021 
Instalação no Salão Nobre - Exposição Jardim Mineral Programa ComCiência Museu Minas e Metal MMGerdau BH

O tempo geológico, o tempo histórico-tecnológico e o tempo da memória afetiva se confundem neste laboratório ficcional que, como uma fita de Möbius, dobra-se na vertigem espaço-temporal, retomando imagens e matérias a cada etapa do processo: rochas que tornam-se telas para projeção de imagens; imagens formadas por minerais; películas fotográficas com sais de prata; lâminas de rochas no microscópio; superfícies em diversas escalas; imagens aéreas; mapas; projetores de diversas épocas; lentes óticas; amostras do acervo; pintura e outras experimentações.

Image-Matter, 2021
Installation in the Salon Noble - Exhibition Mineral Garden |
ComScience Program Mines and Metal Museum - MMGerdau BH


Geological time, historical-technological time and the time of memory are tangled in this fictional laboratory that, like a Möbius strip, folds in a space-time vertigo, resuming images and matters at each stage of the process: rocks that turn into projection screens; images formed by minerals; photographic films with silver salts; slides of rocks under the microscope; surfaces at different scales; aerial images; maps; projectors from different eras; optical lenses; collection samples; painting and other experiments.




Vista da Exposição "Minério Hemorragia", 2018 
Realizada na Galeria 1 do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, com curadoria de Keyna Eleison, no Rio de Janeiro.

View of the exhibition "Minério Hemorragia", 2018 
Held at Galeria 1 of the Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, curated by Keyna Eleison, in Rio de Janeiro.



Exposição individual "Tempo Fóssil", 2016
curadoria Michelle Sommer
Galeria de Arte Ibeu

TEMPO FÓSSIL
Michelle Sommer

“Muitas vezes pensei, durante a noite, nessas coisas debaixo da terra que os brancos cobiçam tanto. Perguntava a mim mesmo: “Como teriam vindo a existir? De que são feitas?”* Para o xamã  yanomami David Kopenawa, o que os brancos chamam de “minério” são as lascas do céu, da lua, do sol e das estrelas que caíram no primeiro tempo.

No seu processo artístico, Mari Fraga desenterra fragmentos de petróleo, betume, carvão mineral, madeira sedimentada, sal. Molda, então, a matéria que estava escondida sob a terra como as raízes das árvores. Da matéria fóssil, unidas entre si pela presença do elemento químico Carbono, emerge plasticidade, em suas distintas temporalidades. O Carbono é o nó poético - com cor, rugosidade, textura e crítica – que está contido na escala fractal das obras, em sua maioria inéditas, de Tempo Fóssil.

A sessão de acupuntura – no corpo ou no planeta – colapsa as escalas: a pele torna-se crosta, o corpo torna-se Terra. A energia solar condensada e fossilizada das pedras de carvão mineral transpassam tábuas de madeira nova. Nesse encontro de gerações, matérias ajustam-se como dá, entre os veios da madeira lascada que agora contém a pedra, com seus resquícios de florestas que ocuparam a Terra há milhões de anos. Um zoom in e temos o mapa da América do Sul e Brasil perfurado por agulhas de acupuntura banhadas a ouro (essa poeira brilhante) marcando os locais de extração de petróleo. Do nosso continente, submerso na camada viscosa de betume, resíduo final do petróleo, pingam gotas viscosas. Choramos ouro negro.

A nossa economia industrial baseia-se em energia fóssil e no consumo crescente de espaço, tempo e matérias-primas que adquiriram a dimensão de uma força física dominante no planeta. A partir da investigação da matéria fóssil – essa que fornece dados sobre a nossa evolução biológica - Mari Fraga explora os movimentos de declínio do nosso mundo, em seu catastrófico momento político e climático. Entre homem e natureza não são as relações que variam, mas as variações que relacionam.

A matéria fóssil contém o tempo. A matéria fóssil é memória para nós, humanos, que andamos com a cabeça cada vez mais cheia de esquecimento*, para atentarmos para um outro tempo, talvez não tão infinito assim. Em fluxos materiais carbônicos, estão arte e desastre, em lampejos de lucidez poética. Nas proposições artísticas de Mari Fraga, na matéria fóssil extraída da Terra residem as raízes do céu.

* KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A Queda do Céu. Palavras de um xamã yanomami; tradução Beatriz Perrone-Moisés; prefácio de Eduardo Viveiros de Castro - 1a ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Solo exhibition "Fossil Time", 2016
curated by Michelle Sommer
Ibeu Art Gallery

FOSSIL TIME
Michelle Sommer

“I have often thought, in the night, of those things under the earth that white people covet so much. I asked myself: “How could they have come to be? What are they made of?”* For Yanomami shaman David Kopenawa, what white people call “ore” are the splinters of the sky, moon, sun and stars that fell in the first time.

In her artistic process, Mari Fraga unearths fragments of oil, bitumen, coal, sedimented wood, salt. It shapes, then, the matter that was hidden under the earth like the roots of trees. From the fossil material, joined together by the presence of the chemical element Carbon, plasticity emerges, in its different temporalities. Carbon is the poetic knot - with color, roughness, texture and criticism - that is contained in the fractal scale of the works, mostly unpublished, by Tempo Fóssil.

The acupuncture session – on the body or on the planet – collapses the scales: the skin becomes crust, the body becomes Earth. The condensed and fossilized solar energy from the coal stones seeps through new wooden boards. In this meeting of generations, materials adjust themselves as they happen, between the veins of the splintered wood that now contains the stone, with its remnants of forests that occupied the Earth millions of years ago. A zoom in and we have the map of South America and Brazil punctured by gold-plated acupuncture needles (that shiny dust) marking the oil extraction sites. From our continent, submerged in the viscous layer of bitumen, the final residue of oil, viscous drops drip. We cry black gold.

Our industrial economy is based on fossil energy and the increasing consumption of space, time and raw materials that have acquired the dimension of a dominant physical force on the planet. From the investigation of fossil matter – which provides data on our biological evolution – Mari Fraga explores the decline movements of our world, in its catastrophic political and climatic moment. Between man and nature it is not the relationships that vary, but the variations that relate.

Fossil matter contains time. Fossil matter is memory for us humans, who walk around with our heads increasingly full of oblivion*, to pay attention to another time, perhaps not so infinite. In carbonic material flows are art and disaster, in flashes of poetic lucidity. In Mari Fraga's artistic propositions, the roots of the sky reside in the fossil material extracted from Earth.

* KOPENAWA, David; ALBERT, Bruce. The Fall of Heaven. Words of a Yanomami shaman; Beatriz Perrone-Moisés translation; preface by Eduardo Viveiros de Castro - 1st ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2015.









DayxDay Exhibition, AIAV, Japan, 2007.
Exhibition [Des]limits, Parque das Ruínas, 2010.